O estudo sobre a avaliação do impacto da Reserva Mundial de Surf da Ericeira (RMSE) na última década já se encontra publicado no website oficial do projecto Ericeira WSR+10.
Na cerimónia de encerramento do projecto europeu que celebrou a primeira década de existência daquela que era, à data, a única Reserva Mundial de Surf existente no continente europeu as linhas gerais deste documento já haviam sido partilhadas por Juanma Murua, coordenador duma investigação levada a cabo por um consórcio de várias entidades (no qual se incluíam investigadores e consultores pertencentes à Qantara Sports, GMT Hospitality e Ericeira Surf Clube) e que contou com a supervisão científica de investigadores ligados à Universidade da Beira Anterior e de um centro do Instituto Nacional de Educação Física da Catalunha afecto à Universidade de Lérida.
Este estudo foi encomendado pelo Ericeira Surf Clube (ESC), entidade promotora do EWSR+10, para analisar o impacto do surfing e das actividades associadas a estes desportos em termos económicos, sociais, ambientais e de imagem.
Em vez de reduzir a análise ao impacto económico da RMSE em euros, o consultor na área de gestão de cidades e território propôs-se fazer uma fotografia do impacto do surfing na Ericeira. Numa entrevista à agência Lusa, Juanma Murua declarou ter chegado à conclusão que o «surf contribuiu para aumentar o número de alojamentos turísticos e escolas da modalidade, mas a pressão turística trouxe problemas ambientais». A agência noticiosa portuguesa destacou também que o «crescimento económico que o ‘surf’ trouxe, com o aumento do número de turistas, aumentou a pressão urbanística e o tráfego e a RMS “não teve um reflexo positivo na qualidade de vida dos residentes”, uma vez que os espaços verdes não aumentaram à proporção, nem contribuiu para o aumento do emprego ou do poder de compra dos residentes».
Apesar destes e doutros aspectos, o consultor basco declarou em entrevista ao EWSR+10 que, numa avaliação geral, o impacto da RMSE tem sido positivo.
Juanma Murua considera ser preciso trabalho para tirar partido das conclusões do estudo e torná-lo uma ferramenta que possa contribuir para uma maior sustentabilidade da Reserva Mundial de Surf da Ericeira, sendo necessária uma maior partilha e colaboração entre os agentes responsáveis pela mesma, bem como a existência de uma figura legal que facilite e garanta uma melhor gestão desta área.
Um dos principais legados do projecto promovido pelo ESC ao longo de mais de um ano passará muito pela avaliação do impacto das actividades de surfing (e associadas) ao longo da década inicial, presente neste estudo em quatro dimensões distintas – ambiental, económica, social e imagem – bem como das respectivas recomendações para o futuro da RMSE e para as restantes Reservas Mundiais de Surf e World Surf Cities.
Em entrevista ao site do EWSR+10, Murua considerou essencial que as entidades responsáveis “não se detenham numa simples quantificação do impacto económico e procurem, sobretudo, compreender o impacto global do surf no seu território. Isso parece-me ser uma lição importante a retirar do nosso estudo e das nossas recomendações e que pode perfeitamente ser adaptado a qualquer outra realidade similar.”
O consultor considera possível, nomeadamente, desenhar uma ferramenta de avaliação comum para todas as World Surfing Reserves, partindo de alguns pontos de análise presentes neste estudo, uma vez que foram utilizados indicadores muito comuns e acessíveis. “Quando desenhámos a metodologia do estudo, esse era um objectivo fundamental, que fosse utilizável por outras regiões”, podendo servir de trampolim para avançar numa ferramenta de avaliação que pode ser utilizada pelos promotores das Reservas, de forma a oferecer a informação que cada Reserva necessita, localizada na sua realidade territorial e permitindo a comparação entre as diferentes Reservas.”
No que toca às Recomendações para as outras Reservas Mundiais de Surf e para as World Surf Cities – extraídas em consequência dos resultados obtidos pelo Estudo de Impacto -, as mesmas visam contribuir para um desenvolvimento mais sustentável de cada local que integra estas duas redes.
Tendo este objectivo no horizonte, as guidelines reflectem preocupações sobre vários tipos de impactos, decompondo-os em tópicos, seja ao nível social (Envolvimento e participação cívica; Limites da convivência), ambiental (Estratégias e regulamentação territorial; Planos ambientais específicos), económico (Alterações estruturais além do impacto económico e financeiro; Distribuição das mais-valias) ou ainda sobre a identidade e a imagem – Estratégia de comunicação, interna e externa; e Modelo de governança.
Existe ainda uma mão cheia de recomendações relacionadas com a metodologia a implementar em cada caso concreto: Relação entre o surfing e a academia; Identificação de impactos, indicadores e dados; âmbito geográfico do impacto; Monitorização; e Modelo geral para o estudo de impacto das RMS.
A Reserva Mundial de Surf da Ericeira foi até Abril deste ano (quando a região britânica de North Devon se tornou a 12ª RMS) a única existente no continente europeu, integrando uma rede global sob a tutela da Save the Waves Coalition, associação internacional que criou este programa com o objectivo de preservar e promover regiões costeiras com ondas de qualidade ímpar – na Ericeira trata-se duma faixa costeira de 13 quilómetros que inclui sete ondas de características únicas (Pedra Branca, Reef, Ribeira d’Ilhas, Cave, Crazy Left, Coxos e São Lourenço), as respectivas paisagens e ecossistemas. As entidades Guardiãs da RMSE são a Câmara Municipal de Mafra, o Ericeira Surf Clube, a Associação dos Amigos da Baía dos Coxos e a SOS – Salvem o Surf.
O Ericeira WSR+10 foi promovido pelo Ericeira Surf Clube e financiado pela Comissão Europeia, contando com o apoio do Município de Mafra.
Todas as informações relevantes sobre o Ericeira WSR+10 podem ser consultadas online, no site oficial do evento (https://ericeirawsr10.com) e nas respectivas redes sociais.
O Ericeira WSR+10 contou com o apoio da Fonte Viva, Açai Native e Matadouro Beach Bar, bem como a divulgação dos seguintes Media Partners: Antena 1, Fuel TV, Visão, Beachcam, SurfTotal, Vert, SurfZine, Mafra TV, Rádio do Concelho de Mafra, O Carrihão, AZUL – Ericeira Mag e O Ericeira.